quinta-feira, 15 de abril de 2010

CEADA 24 anos na Educação de Surdos.



Como aconteceu a educação de surdos em Campo Grande,primeiro alguns surdos tiveram a oportunidade de irem estudar no Rio de Janeiro no INES. A partir desses surdos, que retornavam do INES,truxeram informações desconhecidas até então para os surdos que aqui permaneceram. O convívio com esses surdos aconteceram trocas de informações. O convivio com outros surdos em uma mesma sala de aula também contribuiu para trocas de sinais, pois ainda não existia uma escola especial de surdos. Portanto, o espaço de encontro era também de trocas e de aquisição de língua. Cabe esclarecer que algumas das crianças eram filhas de pais surdos e estes ex-alunos do INES, deste modo as crianças constituíam-se pela Língua de Sinais e traziam consigo o léxico adquirido através do convívio com outros surdos. Assim sendo, misturando com novos gestos naturais inventados no âmbito familiar dos filhos de pais ouvintes.
Em 1981, foi criada a Diretoria de Educação Especial para subsidiar os serviços de educação especial das instituições e ampliar os serviços de atendimento às pessoas com necessidades educativas especiais no Estado, foi criado o Centro Regional de Assistência Médico Psicopedagógica e Social - CRAMPS. O Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação – CEADA, criado pelo Decreto n o 3546, de 17 de abril de 1986, constituía-se basicamente no trabalho educacional, funcionava em regime de externato, atendendo a pessoas com Surdez severa e profunda a partir dos primeiros meses de idade, na educação precoce, pré-escolar e primeiros anos do primeiro grau, contando para isso com avaliação social, pedagógica, audiológica e fonoaudiológica, sala de recurso e programas de competência social juntamente com oficinas do Centro Integrado de Desenvolvimento do Menor (CIDEM). (fonte de consulta (www.editora-arara-azul.com.br).
Segundo o depoimento da professora Marlene Pereira Rodrigues, primeira diretora do CEADA: “ contava com Diretora Adjunta Júlia Pereira de Lima e com consultoria da DERDIC – Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios de Comunicação – SP, para a elaboração do Regimento Escolar. Também contou com convênio da LBA para aquisição de aparelhos auditivos. A princípio a Filosofia Educacional adotada foi o Oralismo ou método Alemão. Este método de educação tem como objetivo Central o aprendizado da fala. Para desenvolver este método educacional são utilizadas algumas técnicas que basicamente são: Estimulação auditiva, Mecânica da fala, Leitura labial. Para o uso deste método é explorado do indivíduo através da prótese individual, todo e qualquer resíduo auditivo para que pudessem ter uma reeducação e adaptação sonora usando as técnicas necessárias. A escola foi equipada adequadamente para oferecer um trabalho de qualidade aos educandos. As salas foram tratadas acusticamente e equipadas com AASI – aparelho de amplificação sonora individual. Seguia-se a Proposta Curricular para deficientes auditivos da DERDIC e os livros de Alpia Couto. Posteriormente utilizou-se a metodologia Verbotonal no diurno, com assessoria sistemática da equipe do CRESA – Centro de Reabilitação “Antonia Fanaya” – Curitiba – PR. Para os alunos do período noturno, a escola teve assessoria da Annete Scott Rabelo da Universidade Católica de Goiás - UCG, em Goiânia – GO, que trabalhava conforme a proposta de Comunicação Total, e esta advogam a utilização de todos os meios de comunicação possíveis, tais como a língua de sinais, o gesto, movimentos digitais, leitura de fala, ajudas auditivas, leitura, escrita e imagens, outro material corrente entre os professores era o livro Linguagem das Mãos de Eugênio Oates. O material disponibilizado pelo MEC de DAVID (1994) é publicado pela CORDE/Brasília tem vários sinais para comunicação cotidiana com surdos. Nesse sentido, alguns professores como Graça de Matos e Shirley Vilhalva assumiam nuanças dentro da tendência dominante que podem ser consideradas ações relevantes para analisar as novas incursões na prática em sala de aula, usando a Língua de Sinais para o procedimento de transmissão do conhecimento.”
Segundo fonte de consulta (www.editora-arara-azul.com.br), na sociedade capitalista, o surdo para ser civilizado deve falar comportar-se como o esperado para todas as crianças. Em Campo Grande, no dia 10 de novembro de 1993, foi “reconhecida oficialmente pelo município à linguagem gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – e outros recursos de expressão a ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente”. (Lei 2.997 de 10/11/93, Juvêncio César da Fonseca). Neste mesmo documento vislumbra o treinamento de funcionários das repartições públicas para atuarem como intérpretes da Língua de Sinais. No Estado de Mato Grosso do Sul, em doze de setembro de 1996, a Língua de Sinais foi reconhecida como meio de comunicação da comunidade surda. O artigo 3º abre a possibilidade de uma matéria facultativa para aprendizagem da Língua de Sinais na rede estadual de ensino, estendendo-se aos cursos de magistério. “Fica estabelecido que, prioritariamente, os cursos de Língua de Sinais serão ministrados por indivíduos surdos habilitados para esta tarefa” (DIÁRIO OFICIAL, Nº 4067/96).
Mais recentemente, com a língua já instituída, em 1995, teve início a implantação do projeto elaborado pela equipe técnica do CEADA juntamente com a Agência Educacional, sob orientação da professora Shirley Vilhalva, que objetivava garantir a presença de intérpretes de Libras para os alunos surdos em escolas do ensino comum. Assim sendo, a professora Rosilene Trindade Prates Pavelecini foi contratada pelo CEADA para desempenhar essa função pela primeira vez. Atualmente, muitos intérpretes de Língua de Sinais estão atuando em escolas de Campo Grande, na rede municipal, estadual e particular atendendo a um número considerável de alunos surdos, mas ainda incipiente para a demanda. As Línguas de Sinais são reconhecidas “cientificamente” como língua, por serem compostas pelos universais lingüísticos, e apresentarem os aspectos fonológicos, morfológicos, sintático e semântico-pragmático, mas usualmente são atingidas pelo preconceito lingüístico e estereótipo por seus usuários serem principalmente pessoas consideradas deficientes. A investigação propiciou a verificação da construção de uma comunidade que utiliza uma língua espaço-visual, recentemente regulamentada pela LEI nos 10.436 de 20/04/2002 dispõe que: o “Art. 1 é reconhecido como meio legal de comunicação e expressão a Língua brasileira de sinais – LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua brasileira de sinais – LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades surdas do Brasil”. Atualmente responde pela direção do CEADA Cícera Celma Cosme Arruda e a Filosofia Educacional adotada pela escola é o Bilingüismo, que é uma proposta social de aquisição de linguagens, que considera a Língua de Sinais uma forma lingüística genuína e não unidade de um sistema, modo ou método de aprendizagem e comunicação. Essa proposta surgiu dos estudos e pesquisas feitas pela Drª Danielle Bouvet apresentados em 1981. O Bilingüismo é uma filosofia educacional que permite ao individuo surdo o acesso distinto a duas línguas: LIBRAS e Língua Portuguesa. É importante ressaltar que L1(Língua de Sinais, ou seja, LIBRAS) é a Língua prioritária no processo de educação e L2 (Língua Oral ou Língua Portuguesa no Brasil) é tratada da mesma forma que uma língua estrangeira. Isso permite uma relação antropológica nas comunidades de surdos e ouvintes. Formando assim, Surdos Bi-Culturais. Cummin e Swain (1987) citam como exemplo de apoio ao Bilingüismo às experiências na sociedade canadense, que vive em constante exposição ao francês. Os estudos apontam o Bilingüismo como caminho mais moderno e adequado para educação e socialização de surdos.

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